quarta-feira, 26 de julho de 2017

Projeto de Recolher o Lixo da Metrópole






A minha filha de 4 anos é absurdamente fascinada pelo caminhão do lixo. Ela sempre me pergunta: pai, o caminhão do lixo vai passar hoje?


E, quando ele vem gritando um quarteirão acima, 23 horas, ela já escuta e corre me chamando pra varanda: vamos pai, vamos pai, me sobe que eu quero ver o caminhão do lixo!


E ela fica lá vendo o trabalho da coleta do lixo da rua de uma visão privilegiada. E vai narrando e comentando tudo, me explicando o que eles estão fazendo.






Essa cena já aconteceu dezenas e dezenas de vezes. Sempre nas terças, quintas ou sábados.


E esse foi o mote para falarmos de um projeto duríssimo: recolher o lixo de uma cidade com 2,6 milhões de habitantes!


Pelo que apurei, Fortaleza produz aproximadamente 50 mil toneladas por mês de lixo doméstico. E, para tratarmos todo esse lixo, gastamos aproximadamente DUZENTOS MILHÕES DE REAIS POR ANO!


O caminhão do lixo é um veículo totalmente adaptado para transportar o máximo possível de lixo. Isso é possível graças ao mecanismo de compactação presente na abertura traseira do caminhão. Muita força e suspensão boa também para carregar tanto peso. O objetivo, claro, é minimizar a quantidade de viagens que o caminhão faz para se livrar do lixo.


É um trabalho magnífico de logística. A cidade é toda loteada e cada caminhão/equipe atende a lotes específicos em dias específicos. De forma simplificada, é como se Fortaleza fosse dividida em duas “metades” e cada uma destas recebe a coleta de lixo em dias alternados.


A coleta implica diretamente no trânsito e várias vezes se dá durante a madrugada. Lá na minha rua, cinco minutos que o caminhão do lixo trava o trânsito e já é buzina no ouvido da Isabela.


Fora o trânsito das centenas de viagens que os caminhões fazem dos bairros até o despejo no aterro sanitário em Caucaia, a aproximadamente 20 quilômetros do Centro de Fortaleza.


Esse aterro, meu amigo, é surreal. É uma montanha de lixo gigantesca e com 20 METROS DE ALTURA. É inacreditável!






E todo dia eles empilham mais lixo lá em um trabalho ensandecido, mas com muita ciência envolvida para o tratamento adequado do chorume (líquido) e para a queima do metano (gás).


A minha primeira morada em Fortaleza foi bem próxima ao desativado aterro do Jangurussu. É uma montanha gigantesca que eu acho que nem tem nada parecido lá em Várzea Alegre. O meu tio sempre me explicava que era uma montanha artificial, feita pelo homem, juntando lixo. Mas isso nunca entrava na minha cabeça. Parecia mitologia.


A equipe do projeto de recolher o lixo de uma cidade com 2,6 milhões de habitantes é gigantesca. Desde que o pessoal que fica “no ar condicionado” planejando, ao pessoal que fica com os tratores “amassando” o lixo no aterro, aos motoristas e, principalmente, aos coletores-atletas: rapaziada que todos os dias corre por quilômetros e quilômetros tirando lixo da rua e jogando no caminhão, fugindo de bichos, cortes e atropelamentos. Um trabalho insano. Tão insalubre que essa palavra nem mesmo é capaz de definir. Os heróis da Isabela. E os meus também.


Imagine só uma semana sem coleta de lixo e terá uma noção do que eu estou falando.


Os coletores apelam para que todos façam o descarte correto, por exemplo, enrolar vidros quebrados em jornal.


E nós todos somos fundamentais para que esse projeto seja bem sucedido:
  • Descartando o lixo da melhor maneira possível
  • Descartando o lixo no dia correto que o caminhão passa
  • Separando o lixo reciclável
  • Não jogando lixo na rua
  • Agindo com educação e civismo pelo bem comum


O lixo na rua sempre volta pra gente através de enchentes e doenças. É só pensar na infestação de chicungunha que estamos presenciando. Fez até a dengue e a zika serem “esquecidas”.


Também cito a teoria das janelas quebradas. Em um terreno limpo, a pessoa pensa 100 vezes antes de jogar um papelzinho. Agora, meu amigo, se já tem uns saquinhos de lixo ali, porque não cabe o meu também? É o bicho-homem em sua definição mais pura.


Atenção também que cada lixo tem um tratamento específico:
  • Reciclável
  • Hospitalar
  • Entulho
  • Móveis


O lixo hospitalar é incinerado e somente as cinzas “inofensivas” vão para o aterro. Entulho e lixo doméstico superior a 50 quilos diários por pessoa devem ser coletados de maneira particular. A prefeitura fica fora hehe


Os catadores também trabalham no projeto. São formiguinhas sem muito incentivo da sociedade tentando fazer um trabalho importantíssimo: reciclar o lixo!


Segundo o G1: “Fortaleza conta atualmente com Ecopontos onde os moradores podem descartar lixo em troca de descontos na conta de luz ou créditos no transporte coletivo. O Ecoponto recebe gratuitamente pequenas proporções de entulho, restos de poda, móveis e estofados velhos, além de pneus, óleo de cozinha, papelão, plásticos, vidros, metais, celulares e aparelhos eletroeletrônicos”.


Já vi também várias campanhas para o descarte apropriado de eletrônicos, pilhas e baterias.


Não preciso nem lembrar do que o descarte inadequado do lixo pode causar:




Pelo interior do Brasil, em cidades menores e sem tanta grana, ainda sobrevivem os lixões improvisados mesmo. É só pegar a estrada que logo você verá uma montanha de lixo com sacolas e urubus voando pra todo lado.


















Eu já conversei com outros pais e amigos e Isabela não é exceção: lá em casa é do mesmo jeito; o meu sobrinho também é assim; o meu filho também é fascinado pelo caminhão do lixo…


Esse fascínio todo vem do genial filme Toy Story 3. É que o clímax da história ocorre todo no lixo: caçamba + caminhão + aterro + incineradora.


As crianças gostam muito do filme, da história e, por tabela, do caminhão do lixo que os levam de volta à aventura.








Mais uma obra-prima da Pixar e eu, que já era fascinado pelo trabalho deles, fiquei ainda mais encantado depois de conhecer os bastidores de como eles desenvolvem a tecnologia e os filmes. Foi graças a esse presente aqui:






Pense bem quando for descartar o seu lixo, beleza?


Um abraço!


Ei, psiu, se liga…
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Conheça a minha obra completa em:

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