Mais um ano se passou e mais uma vez eu fiquei em dúvidas se mantinha a minha tradição de escrever a minha crônica de aniversário no blog, mas, se você está lendo isso, é porque eu fiz.
Tive que abandonar os blogs nos últimos anos para me dedicar a outras causas mais urgentes, mas como esse último ano da minha vida foi muito histórico, vale o registro como lembrança futura.
Afinal, eu passei um ano inteiro praticamente trancado dendicasa. :P
A minha profissão e a minha empresa me permitiram o home office e a pandemia me deu a motivação final pra fechar a casinha – o que, por sinal, eu sempre gostei muito: ficar na minha casinha.
A parte mais difícil sem dúvidas foi entreter e educar as Isas sem o auxílio da escola física. Dividindo um computador com a Isabela e a ajudando nas tarefas e na troca de informações remotas com as professoras. E pra Isadora o EAD simplesmente não funciona, além da falta de espaços físicos para ela cansar um pouco durante o dia.
Nas férias, viajamos para fazer quarentena na casa da minha sogra. Afinal, quando você está de home office, passar as férias em casa não rola.
Quando a curva tava muito feia, paramos de ir até ao supermercado e foi muito louco fazer compras à meia-noite num aplicativo de celular. Também descobri que dava pra passar seis meses sem cortar o cabelo.
Quando a curva ficava menos feia, a gente até se arriscava no rumo do Aquiraz pra tomar um banho de mar em alguma praia mais isolada.
No mais, uma batalha extremamente cansativa contra o negacionismo e esse, sem dúvidas, foi o pior vírus que eu já enfrentei.
Incansáveis dias desmentindo fake news e divulgando ciência. Tentando salvar vidas e é difícil dizer que fui bem sucedido quando meio milhão de pessoas morreu.
Nunca imaginei viver nada parecido com isso.
Na falta de argumentos, sempre respondem com ódio, ofensas, calúnias e fake news. Como se eu tivesse culpa pelas frustrações das vidinhas deles e pelos resultados pífios do seu governo.
Em contrapartida, vários amigos e amigas do país inteiro, juntos comigo, me mandando muita força nesse enfrentamento de vida ou morte.
No mundo civilizado, a ciência conseguia trazer algumas soluções básicas para enfrentar o problema até que chegássemos ao ápice com as moderníssimas vacinas de RNA mensageiro, bem como outras vacinas mais tradicionais. Infelizmente, todas desprezadas pelo nosso governo que nunca escondeu o seu objetivo de matar o máximo possível, e agora também estão explodindo diversas denúncias de corrupção na compra das vacinas.
Em 2021, o “impossível” aconteceu, embora avisado pelos cientistas: uma segunda onda ainda mais devastadora e já não contávamos com quase nenhum mecanismo de defesa para nos proteger. As mortes chegaram muito, muito perto de mim, infelizmente. Quase todo dia, algum amigo me declarava luto. Teve dia que a minha empresa emitiu duas notas de pesar.
Aí, finalmente, abriu-se uma CPI para investigar os fatos e a vacinação saiu da inércia total no país. E a CPI tem revelado e documentado toda a negligência que nos custou meio milhão de vidas. E, finalmente, as pessoas entenderam que, por mais paradoxal que pareça, precisam se aglomerar nas ruas para acabar com esse morticínio.
E eu sigo aqui cobrando e ansiando pela minha chance de virar jacaré porque trouxa eu não viro. Nunca tive vocação pra ser otário!
Do lado de fora da pandemia, um ano de muito trabalho junto a um coletivo de trabalhadores para tentar salvar a Dataprev das garras do monstro da privatization, inclusive chegamos ao cúmulo de precisar fazer uma greve em home office.
Depois de 5 anos do golpe contra a Dilma e de governos ultraliberais, toda a população brasileira vive um empobrecimento absurdo embora muitos não percebam porque isso está acontecendo. A 6a maior economia do mundo agora é somente a 13a e o 1% mais rico dos brasileiros já detém METADE (50%) da riqueza do país.
Do lado positivo, com tanta desgraça acontecendo, conseguimos finalmente por fim ao sequestro jurídico-político de Luís Inácio Lula da Silva depois de 5 anos de muita luta extremamente desgastante.
Meu último ano foi de muito trabalho e de muito estudo me preparando para o futuro, se necessário bem longe daqui. Finalmente, consegui produzir textos em Inglês e, uma das coisas mais extraordinárias que já fiz, conversar com outras pessoas em outro idioma que não o meu.
O home office forçado pela pandemia abriu o mercado mundial para a minha profissão e isso não é algo a ser desprezado, ainda mais quando 1 dólar passou a valer 5 reais e 1 euro passou a valer 6 reais graças ao nosso governo desastroso e corrupto.
O recolhimento forçado gerou uma aproximação muito grande com o meu núcleo familiar e eu até tenho dúvidas do quanto conseguirei sair para o mundo exterior após as vacinas.
Jogar futebol segue sendo a minha maior privação nesses tempos.
Ah! e uns bons shows de rock também.
Mesmo contra a vontade de muitos, seguimos vivos e muito fortes para o que der e vier.
Agradeço a todos os amigos e amigas que me ajudaram no ano mais difícil da minha vida.
Feliz aniversário!
Feliz Ano Novo!
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