quinta-feira, 26 de novembro de 2015

A TV por assinatura vai acabar?

Daqui a 10 anos a TV por assinatura vai acabar.


E quem está dizendo isso não sou eu. É o dono da Netflix:

Óbvio que ele é 110% suspeito para falar isso. Mas eu assino embaixo. Vai acabar, mesmo! Não estou falando do fim da TV paga. Estou falando do fim das operadoras de TV como elas existem hoje – meras transmissoras de conteúdo.

Por que pagar tão caro por pacotes FECHADOS? Com um monte de canais que você não gosta e nunca vai assistir? Isso não é venda casada? Não é proibido?

As operadoras alegam que não têm tecnologia para pacotes individualizados. É mentira! Estamos em 2015 já!

Ah, mais vários canais vão quebrar e sumir. E daí? É livre mercado. Os melhores fornecedores sobrevivem. Darwin.

Ah, mas, na forma individual, os canais ficariam muito caros. Não mesmo! É livre mercado. Se subir muito o preço, diminui a demanda. Quebra! Precisa baixar o preço pra enfrentar a concorrência.

Ah, mas tem canais novos que nunca cairão no gosto do público. Verdade! Crie um ou dois canais de divulgação de conteúdo de canais que não estão no seu pacote para degustação. Faça temporadas de sinal aberto para degustações.

Ah, mas e o conteúdo nacional? Geração de empregos aqui. Verdade! Produzam bons conteúdos nacionais que, com certeza, haverá interesse. Não importa de onde vem, mas o que vem.

Há 10 anos, o amigo Mitchel falava: “rapaz, TV por assinatura é legal no começo, mas, depois de uns 2 anos, você fica assistindo só a Globo”.

No meu caso, está pior. Percebi que todas as noites estamos em casa assistindo a episódios megarepetidos dos Simpsons! Depois de passar pelos 100 canais do pacote, de ficar com LER no dedo, acabar a pilha do controle, damos a volta completa e paramos nos bonecos amarelos. Como pode um pacote ter 100 canais? Como pode nada agradar a gente? Em pleno horário nobre... Tem coisa errada aí...



Por que a TV paga tem tanto comercial? A gente já não paga pelo conteúdo? Por que tanto anúncio? Por que não exibe os programas na forma integral e faz comerciais de anunciantes só entre programas diferentes? Como é que eu explico pra minha filha de 3 anos que o desenho dela só vai recomeçar depois do comercial? Que eu não consigo pular o comercial apertando em um botão do controle remoto, como no Youtube? E, principalmente e a pior de todas, que eu não tenho dinheiro suficiente para comprar todos os brinquedos que passam nos comerciais?

Quantas vezes você não consegue assistir a um programa que gostaria? Ou é muito tarde ou você está trabalhando ou tem outros compromissos ou tem outro programa no mesmo horário... Isso até foi amenizado com os equipamentos que possuem recursos de gravação. Mas, adivinha... Eles custam MUITO MAIS caro do que os aparelhos normalmente fornecidos pelas operadoras.

E a qualidade da imagem? Fica boa em uma TV de alta resolução? Ou você precisa pagar MUITO MAIS caro por um receptor HD?

E aquele monte de cabos e equipamentos espalhados pela casa? E quando eles não funcionam? Principalmente no horário que você mais precisa? E o atendimento e o suporte ao assinante que são de péssima qualidade?


Streaming
Chegou a hora do streaming – consumo sob demanda. Você vê o que você quer, na hora que você quer. Você pode até rever quando quiser. Quantas vezes quiser. Voltar e rever a cena que mais te chamou a atenção. Parar pra ir ao banheiro. E voltar. E ver de novo. Você não precisa esperar uma semana inteira pelo próximo episódio de continuação da história. Ele já está disponível para você assistir em sequência. A história completa. E rever quantas vezes precisar.



A Internet é o meio de transmissão (streaming). Consiga oferecer este serviço por um preço baixo e você está dando uma porrada na pirataria. Muita gente poderá consumir (massificação), dividindo os custos por todos e tornando o preço mais baixo.

Obviamente, em locais remotos ainda serão necessários equipamentos de transmissão, como receptores via satélite. Mas, nos grandes centros, com fibra ótica e banda larga de qualidade, a Internet será um ótimo meio de transmissão para a TV.

E aqui entram novos players na briga, como as operadoras telefônicas – de olho no 4G, na frequência de transmissão hoje utilizada pelas TVs abertas e na transmissão de TV pelos celulares.


É só dar o Play
Já perceberam os sites play? GloboPlay? FoxPlay? Transmissão do conteúdo dos canais pela Internet. É a ponta do iceberg. Hoje eles pedem uma senha que você recebe onde? Na sua operadora de TV. Percebeu que é só uma artimanha para a operadora de TV não ficar totalmente fora da brincadeira? É o primeiro passo para passar o pé nas operadoras.

Um pouco mais avançada já é a venda de streaming puro. A Globo já vende o seu conteúdo diretamente pela Internet. HBO vem chegando também... E as operadoras?

A Globo é um grande ator nessa discussão. Ela é a maior fornecedora de conteúdo nas TVs aberta e fechada. Ao mesmo tempo, ela também controla o meio através da operadora NET. Acredito que ela deve estar bem confusa entre matar ou não as operadoras. Mas não tem volta. E como a Globo sempre foi muito esperta, ela não vai querer ficar para trás nessa corrida.





As novas TVs
Hoje em dia, Smart TVs com wifi integrado, acesso à Internet e resolução full HD já custam em torno de 1000 reais.



Vale ressaltar também que as grandes TVs abertas já fazem transmissões em HD nos grandes centros. É imagem e som de alta qualidade que você capta com uma anteninha daquelas de cinco reais que os camelôs vendem no sinal.



Para finalizar, conto aqui a história de um amigo do trabalho. Ele assinou um combo com a operadora de TV. Por que? Por que elas nos obrigam a isso. Fazem venda casada, pois nos combos os preços ficam mais baratos do que nas contratações individuais. Pois veja... O meu amigo precisava de Internet de alta velocidade para navegar e para assistir TV por streaming. Só que ele assinou o combo por ser mais vantajoso financeiramente para ele. Moral da história: ele guardou o inútil receptor de TV no fundo do guarda-roupa. Inclusive foi esse causo que me deu o insight para este post.


Mais links que podem ser úteis sobre esta discussão:


Para terminar esse post em grande estilo, Freddie Mercury e o Queen temiam pelo fim do rádio. Há mais de 30 anos:






A gente se vê por aqui”.



Ei, psiu, se liga…
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Post Scriptum
A repercussão deste post foi excelente! Foi o post mais lido e mais comentado do blog. Melhor ainda: várias pessoas me relataram que, ainda antes de ler o post, já haviam cancelado as suas TVs por assinatura. O que reforça a teoria exposta.

Tomo aqui a liberdade de contar um segundo causo relacionado. Na Copa, eu descobri que os pacotes HD da Sky para novos assinantes custavam bem menos do que eu pagava há anos pelo meu pacote sem HD. Eu me senti muito traído. Cadê a fidelização e valorização dos seus clientes?

Tentei negociar e fui ludibriado e enganado várias vezes. Promessas vazias. Até que eu me enchi e resolvi cancelar a assinatura. Foi quase um mês de aborrecimento. Pelo menos 10 horas no telefone. E eles sempre me enrolando, me enganando, me chantageando e inventando desculpas.

Até que eu dei um Google e vi um site explicando a única forma de resolver o meu problema: peguei o número do protocolo que a Sky me deu e abri um chamado de denúncia no site da Anatel! Realmente, no último dia do prazo imposto pela Anatel, tudo resolvido.

Ainda ficamos com os equipamentos guardados em um armário por mais de um ano esperando a remoção dos mesmos.

Está tudo lá documentado no Reclame Aqui: http://www.reclameaqui.com.br/9418080/sky/cancelamento-da-assinatura/

Eu só escrevi este post scriptum porque ontem, 1 dia depois de subir o post e 16 meses depois de cancelar a minha assinatura da Sky, recebi um famoso e-mail deles, conforme abaixo:




Entendo que é difícil para uma empresa gerenciar milhões de clientes. Mas precisa competência para isso. Menos ganância e mais cuidado com os seus clientes. Precisaria também de mais ação do poder público, no caso, das agências reguladoras. O ReclameAqui tem sido uma salvação para os brasileiros no trato com essas nossas empresas fracas.


Abraço,

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Como os produtos da Internet geram receita?





O sonho dos meus colegas da TI sempre foi desenvolver um software original e ficar rico. A evolução tecnológica impôs algumas variações a este sonho: programa, serviço na Internet, aplicativo... Mas a essência sempre esteve lá. O objetivo deste post é discutir um pouco sobre como os produtos da Internet geram receita.

Tudo começou com o Google. Um megamotor de busca e uma infraestrutura igualmente colossal sustentando isso. A sacada: se todos gostam da minha pesquisa, virão usá-la e eu poderei vender anúncios para eles. Isso mesmo. O Google se sustenta com publicidade. Inclusive ele consegue até “deturpar” um pouco o processo oferecendo resultados patrocinados nas buscas. Afinal, se a pessoa está buscando algo, ela estará mais receptiva a clicar no meu anúncio. Já reparou quando você procura um dia por um produto e, magicamente, começa a ser bombardeado com anúncios relacionados nos dias seguintes?

E a coisa foi tomando dimensões incríveis. Primeiro, quase morreram os jornais impressos. As revistas estão indo junto. Hoje se sustentam ainda em alguns nichos e fãs fiéis. A próxima onda vai matar a TV aberta. Atualmente, boa parte da publicidade da TV já é dividida com serviços na Internet. E a Internet leva várias vantagens, como: saber quem está interessado no quê e oferecer conteúdo direcionado; não há limites de 30 segundos por vídeo; é possível iniciar uma interação e um relacionamento com o seu cliente.

O Facebook não é muito diferente. Vive de anúncios. E também da venda de “likes”. Chegamos a um nível tão grande de disputa que o Google e o Facebook pesquisam ($$$$) tecnologias para levar Internet de graça a locais remotos e, tcharam, obter mais clientes – mais gente para consumir seus anúncios.





E aqui apenas um registro óbvio: ser dono do meio de transmissão também é uma forma de ganhar muito dinheiro com a Internet.


Venham até mim
Então qualquer um pode oferecer anúncios dentro de um site ou aplicativo. Até terceirizar esse serviço (para o Google, por exemplo). Para a estratégia funcionar bem, precisa ter muitos acessos no seu site.

Muitos até apelam para pornografia, sensacionalismo ou pirataria. São formas consagradas de chamar atenção de muita gente e ganhar dinheiro com isso. Os piratas também ganham dinheiro roubando dados pessoais ou bancários de pessoas que caem em suas armadilhas virtuais.





Serviços maiores até investem em publicidade na própria Internet ou em outras mídias (TV, outdoors...) para obter mais acessos e, consequentemente, mais lucros.


Streaming
Com a melhora da qualidade da banda de Internet, é possível enviar grandes quantidades de dados em tempo real, viabilizando os serviços de streaming. Os dados (músicas, filmes...) são enviados diretamente para o aparelho que os exibirá sob demanda. Assim funcionam novos serviços de música e vídeo por assinatura: Spotify, Netflix...

Os próprios canais de TV já estão disponibilizando conteúdo pela Internet, como nos sites Play: GloboPlay, FoxPlay...

Os dois parágrafos anteriores significam a nova forma de vender música e o possível fim da TV por assinatura nos moldes atuais (com operadoras de TV).





E-commerce
Para o comércio eletrônico, a Internet é apenas um meio. Eles lucram realmente com a venda de produtos através da rede. Resolvidas as questões logísticas de como receber os insumos dos fornecedores e entregar os produtos aos seus clientes, é possível ampliar infinitamente o alcance de vendas da sua loja. É bem mais barato manter uma loja virtual com depósitos e poucos funcionários do que bancar megaestruturas de atendimento ao público, como em shoppings. Experimente comparar o preço de um mesmo produto no shopping e na loja eletrônica do mesmo grupo.

E aqui tem uma grande pegadinha psicológica: quem comprou esse, também comprou esse junto! Seu trouxa!

Sem falar nela… (Tudo pela metade do dobro...)





Versão free x paga
Alguns aplicativos ou serviços possuem uma versão free para fidelização de novos usuários. A versão paga normalmente disponibiliza mais funcionalidades ou livra os usuários de anúncios indesejados. Depois que a pessoa está viciada e dependente do serviço, ela está mais propensa a pagar uma grana por ele. Traficantes também agem assim. ;)





E o WhatsApp?
Vai bem na linha do parágrafo anterior. Conseguiu uma popularidade absurda por ser um software muito útil e bom. Até que chamou a atenção de Zuckerberg e foi vendido por mais de US$ 21 bilhões. Bastante grana no bolso dos seus criadores. Agora, o Facebook sustenta toda a infraestrutura do Whatsapp. O primeiro ganho é controlar boa parte da comunicação do mundo – quem está falando sobre o quê. Os próximos passos para obter dinheiro podem ser: anúncios (naturalmente) ou passar a cobrar pelo serviço (conforme traficantes citados acima).





A guerra do Adblock
Hoje há vários plugins dispostos a bloquear qualquer publicidade presente nos sites e vídeos. Em tese, isso quebra o sistema. Sem a grana dos anunciantes, não há como manter a infraestrutura e a oferta de conteúdo funcionando.


Já vi sites que me privaram do conteúdo principal até que eu desligasse o meu bloqueador de anúncios.





Quem nunca clicou num anúncio que atire a primeira pedra.


Por sinal, tem uns anúncios de uns livros aí na lateral do blog! ;)


Capa Livro Fazendo um projeto dar certo

Capa Livro Miragens




Até!



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sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Apresentando Dona Candoca


Apresentando Dona Candoca
Cearense lá de Jijoca
Irmã de Maroca, Lindoca e Ninoca
Não à toa a rainha da fofoca.
Mas não a chame de coroca
Pois aí a mulher se invoca:
Explode, agride, bate, soca.
E se um desafeto em desafio a coloca
Não fica por baixo, revida e provoca.
Vida simples, habita uma maloca
Coitado do seu marido, um boboca.
Candoca é música, toca.
Refrigerante pra ela é Coca
De preferência com pipoca.
Essa mulher é uma belezoca
Salve, salve, Dona Candoca.





Se quiser saber um pouco da história da poesia Apresentando Dona Candoca, leia o livro Miragens. Lá você também vai encontrar vários outros textos e suas histórias. Veja tudo em miragens.art.br.


 Livro Miragens - Versos diversos pro tempo passar

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Generalistas x Especialistas

A modinha da vez é querer equipes só com generalistas. O sonho da equipe na qual todo mundo sabe fazer tudo. Saia dessa! Não caia nessa! É uma cilada, Bino!





O que a teoria prega é que a equipe do projeto precisa ser multidisciplinar. Isso não significa que todas as pessoas precisam saber fazer tudo. Trabalhando em equipe, complementando as habilidades, o projeto é possível.


Óbvio que ter generalistas facilita bastante no planejamento do projeto. Facilita nas substituições, nas ausências não previstas, nos repasses, na hora de colocar mais gente em algumas atividades…




Mas não adianta uma equipe só com generalistas medianos. Tudo indica que o projeto vai naufragar quando as coisas apertarem. A equipe, pra ser completa e ter mais chances de sucesso no projeto, precisa de especialistas. Caras que livram a equipe das armadilhas do projeto. Pessoas que alavancam o conhecimento, a moral e a força da equipe. Toda equipe boa precisa de um camisa 10 (craque criador) e de um camisa 9 (definidor). Eu ousaria dizer que a equipe ideal tem pelo menos 30% de especialistas.






Vale observar também que nem todo mundo gosta de fazer tudo no projeto. Tem pessoas que têm verdadeira aversão a determinadas atividades. É melhor mantê-las produtivas e motivadas fazendo o que gostam para o bem do projeto.


Obviamente, nem todo mundo sabe fazer tudo. Treinar as pessoas em todas as atividades custa caro. Excelentes especialistas também custam muito caro. E devem ter o seu tempo otimizado a favor do projeto: focar no que realmente sabem, no seu diferencial técnico.


No livro Fazendo um projeto dar certo, discutimos os problemas que uma equipe só de generalistas pode ter em A equipe não possui o conhecimento técnico necessário para a execução plena do projeto.



Nos vemos por aí!