Enquanto você lê este post, o software do blog está sendo atualizado no seu equipamento.
Brincadeirinha...
:P
Há
duas décadas, atualizar um software era uma coisa complicadíssima.
Os fabricantes precisavam disponibilizar uma cópia de atualização
do software em alguma mídia física (normalmente disquete ou CD) e
os usuários tinham que encontrar essa tal cópia. Quem
tinha determinado CD de instalação de alguns programas era o cara
– o detentor do poder. Entregar a correção de um bug era
caríssimo nesse sistema físico.
O
avanço da banda larga pelo mundo fez com que as atualizações
fossem viáveis pela Internet, dispensando a mídia física. Com
Internet cada vez melhor, a indústria investiu pesado em facilidades
para atualização remota de software.
E
o que falar do Windows então? Algumas versões do Windows chegam a
ser estressantes de tantas atualizações a fazer. Dia sim, dia não,
está lá o computador baixando correções do software, normalmente
de vulnerabilidades de segurança. Sem contar a instalação dessas
correções que normalmente é obrigatória e penosa – dá uma
canseira na gente.
No
mundo do WiFi e da boa banda larga
Atualizar
software hoje, no mundo do WiFi, é a coisa mais normal do mundo.
A
primeira vez que o meu Moto G entrou em uma rede WiFi, ele quase teve
um orgasmo. :P
Ele
ficou ensandecido baixando atualizações de aplicativos. Foram
atualizados mais de 20 aplicativos de uma vez. Alguns aplicativos que
eu desconhecia totalmente: ué, isso existe? Serve pra quê? Depois,
até acabei desinstalando alguns destes.
E,
já na primeira semana de uso, ele me fez uma proposta ousada: bora
atualizar a versão do Android? Sair do Android 4 (KitKat)
para o Android 5 (Lollipop)?
Eu
resgatei todos os meus traumas de atualizações do Windows e fiquei
muito pé atrás. Depois pensei: é melhor eu mudar logo pro Android
5 agora, antes que eu me acostume com o Android 4. Dessa forma,
sofrerei uma vez só para aprender. Bateria cheia, WiFi ligado e
vamos que vamos!
Windows
10
E
que tal atualizar a versão do Windows? Sair de Windows 8 direto para
Windows 10? (Sendo que a 9 nunca existiu).
Relutei
por semanas. Era arriscado demais. A Microsoft apelou para todas as
estratégias de marketing possíveis:
-
Você é muito especial – ganhou uma atualização de graça
-
É só para você
-
É grátis só até não sei que dia
-
X mil pessoas já atualizaram. Só falta você!
-
Vamos fazer só o download pra você ir se animando...
E
isso até deu bode porque a Microsoft foi
denunciada por fazer downloads fantasmas (não autorizados) de um
software de 3 GB! Pode isso, Arnaldo?
Enfim,
depois que alguns colegas me confirmaram que o procedimento era
seguro, eu decidi partir para o Windows 10. Tive êxito na terceira
tentativa. Realmente, achei até “fácil” (ainda mais sendo o
Windows). E fiquei satisfeito porque a versão 10 recuperou alguma
usabilidade perdida na versão 8. Quem diria, mudar de Windows assim.
E
os usuários?
Do
ponto de vista dos usuários, receber logo as
novidades é bom demais. Você já tem um software novo com
menos bugs e mais recursos. É o nirvana das equipes ágeis: entregar
logo as novidades!
Agora
alguns cuidados são necessários: e se você não está precisando
atualizar o software agora? E quando você precisa do equipamento e
ele está travado fazendo atualizações inúteis?
Sem
contar o desespero quando a versão nova chega com uma interface
totalmente diferente da que você já estava acostumado! Alguns
softwares até mantêm interfaces duplas durante um período de
transição.
Será que o excesso de versões não foi uma das causas da derrocada do Firefox?
Será que o excesso de versões não foi uma das causas da derrocada do Firefox?
Vou
terminar com um causo... Em 2012, o nosso sistema estava travando
(por regras definidas anteriormente) o envio de alguns dados. Só que
o emissor em questão era muito importante politicamente e a gente
precisava lançar logo uma nova versão capaz de receber aquelas
informações. A gente trabalhou duro em mudar, testar e implantar
rapidamente a nova versão da aplicação – um sistema pela
Internet. Liguei para dar a boa nova à nossa cliente e a reação
dela foi: mas já tá disponível para todo
mundo? Na cabeça dela, o cliente
precisaria ter um disquete para instalar a nova versão do software
na sua máquina. A gente riu demais e rimos até hoje com essa
história. São causos do desenvolvimento.
Bora
dar uma lida no livro?
No
livro Fazendo
um projeto dar certo, discutimos alguns problemas
acarretados quando são liberadas muitas
versões do software. Tanto as angústias dos clientes – que
estão sendo bombardeados com novas versões, quanto as angústias
das equipes - que estão trabalhando insanamente.
"Em
uma frequência insana, são liberadas novas versões do software.
Quando os usuários estão começando a se acostumar com uma versão,
já deparam com uma nova. Às vezes, até com mudanças drásticas e
de usabilidade. É difícil acompanhar a evolução do software.
[...]
O
cliente confunde as versões de desenvolvimento, homologação e
produção. Ele não sabe que aquela novidade solicitada ainda está
na versão de desenvolvimento.
[...]
Para
controlar e lançar tantas versões, a equipe do projeto faz um
esforço enorme de gerência de configuração. Tempo e energia
preciosos são subutilizados.
[...]
De
nada adianta a equipe ir ao seu limite para lançar uma versão nova
a cada semana, se o cliente só consegue homologar (absorver) uma
versão por mês. Não adianta ficar lançando muitas versões
próximas e confundindo os usuários finais – que não têm tempo
de se acostumar com as novidades.
Será
que essa versão nova é realmente uma versão nova? Ou é só a
versão anterior com pequenas melhorias? Não vale a pena juntar
várias dessas versõezinhas e entregar uma nova versão de verdade?"
Tamujunto!
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