Passado
o Carnaval, o ano começa no Brasil. É tempo de retomarmos com os
nossos posts inéditos, mas a cotação da preguiça anda bastante
alta e nós vamos “apenas” ler um dos melhores trechos do nosso
livro Fazendo um Projeto dar Certo… Mais uma chance para você
conhecer essa obra.
Breve
descrição
Não
há porque fazer o projeto dar certo.
Estamos
vendo o problema acontecer
A
produtividade da equipe é baixa. Muito aquém do esperado. Não há
envolvimento da equipe com o projeto. O clima no ambiente de trabalho
é muito ruim.
O
trabalho é mal dividido. O gestor não consegue distribuir bem as
tarefas. Há sobrecarga. Há ócio. Pessoas recebem atividades para
as quais não estão preparadas, para as quais não foram
contratadas. As prioridades mudam ao sabor do vento.
Os
resultados do projeto não acontecem. Não há entregas. Os marcos
não são atingidos. A equipe não sente que o projeto está andando.
A roda não gira. E, até mesmo quando entregam, não há
comemorações. Não há tempo a perder. Só mais trabalho. As
pessoas são retiradas do projeto imediatamente antes das
realizações. Depois de 2 anos de trabalho duro, elas saem a 1 mês
da entrega final.
O
projeto muda muito. Aquelas atividades extremamente essenciais da
semana passada que consumiram várias horas extras não são mais
necessárias. O novo escopo não para de chegar. Parece infinito. É
preciso adiar um pouco a entrega para agregar novas funcionalidades.
Os
salários estão inadequados. Funcionários com mais capacitação e
mais resultados positivos para o projeto ganham menos que outros
injustamente.
Não
há reconhecimento pela qualidade do trabalho nem pelos resultados
alcançados. Não há mérito. As promoções são injustas e
distorcem ainda mais a realidade. As pessoas que contribuem menos
para o projeto são promovidas em detrimento das que realmente estão
“vestindo a camisa”. Ou então as promoções não acontecem. A
única promoção conhecida é receber mais trabalho.
A
inovação é podada. As pessoas são proibidas de pensar em soluções
alternativas, em métodos e soluções diferentes para a resolução
dos problemas. É proibido pensar. Na verdade, são robôs que só
devem executar o que lhes é pedido. As pessoas não são desafiadas.
São estimuladas a pensarem só de maneira óbvia. Não recebem as
atividades mais desafiadoras. Já recebem as soluções definidas
mesmo sabendo que tecnicamente essas soluções não resolverão o
problema em questão.
Não
há participação. As decisões são centralizadas. Vale o que a
gestão disser e ponto final. Não há espaço para a contrariedade.
As opiniões técnicas não contam. As decisões são meramente
políticas. Os prazos são irreais. Os prazos informados aos clientes
são somente políticos e não há um planejamento efetivo que os
garanta. A equipe executa o projeto desde o primeiro dia sabendo que
o mesmo vai atrasar.
A
gestão das pessoas é ruim. As pessoas não são respeitadas. As
condições de trabalho são precárias.
As
pessoas não sabem o que estão fazendo. Não sabem o que é o
projeto, seus objetivos, seu andamento, suas metas. A equipe não
sabe o que está acontecendo. Circulam informações contraditórias.
A
tecnologia é velha. A equipe entende que está perdendo tempo
aprendendo a utilizar uma tecnologia ultrapassada e que o mercado não
usa mais. Não há como agregar esse conhecimento ao currículo. Não
há como buscar outros empregos graças a esse aprendizado. As
pessoas entendem que o projeto está passando e elas não estão se
desenvolvendo.
Há
um colega que não gosta do trabalho atual. Não gosta do emprego.
Não gosta da empresa. Não gosta dos colegas. Não gosta do gestor.
Os
projetos pessoais são ignorados. Só interessam os resultados
empresariais. Férias são adiadas. Viagens são canceladas. Não há
tempo para os filhos nem para os esportes e hobbies.
O
gestor está desmotivado. Nem ele acredita mais no projeto. Ele
aceitou o projeto por questões financeiras e não por questões
técnicas ou ideológicas. O gestor não se identifica com o projeto.
Resumindo,
o projeto possui vários problemas como os discutidos nesse livro.
Fazendo
um projeto dar certo
Projetos
são executados por equipes que são compostas por pessoas. Então,
segue a dica mais importante desse livro: tratar
as pessoas como pessoas.
Parece óbvio? Pois vários gestores, em vários momentos, não agem
de acordo com essa premissa. Respeito é a base de qualquer
relacionamento.
Em
projetos comunitários, as pessoas estão envolvidas por ideais. Não
por dinheiro. Porém, essa linha é tênue. Qualquer desavença pode
tirá-las do projeto.
Embora
haja várias dicas aqui e vários livros sobre motivação, nada é
melhor do que uma conversa aberta com as pessoas para entender como
estão se sentindo e o que está acontecendo com elas.
As
pessoas gostam de saber o que está acontecendo no ambiente de
trabalho. Precisam entender o contexto na qual estão inseridas.
Sentem-se realizadas ao poder expressar a sua opinião sobre os
assuntos do projeto. Ainda que a opinião delas não possa ser
seguida, pelo menos há a ótima sensação de poder falar e
contribuir, de não se omitir, de não ser censurado.
É
importante desenvolver uma comunicação ampla e democrática, na
qual todos tenham acesso às informações que querem e que podem ser
divulgadas. Todos sabem o que está acontecendo. O trabalho é
participativo. As opiniões das pessoas são ouvidas. Elas são
convidadas a opinar e podem fazê-lo quando assim desejam. Seus
estudos, conhecimentos e valores são considerados.
A
equipe é responsável por apontar todos os problemas que vê no
projeto. Sejam técnicos, políticos, estruturais ou organizacionais.
“Olha, entendemos que o projeto não vai dar certo por isso, por
isso e por isso. Essas são as mudanças que sugerimos para fazer o
projeto dar certo!”. Mas é preciso maturidade para entender que
várias e várias coisas não vão mudar. Por mais óbvio e
necessário que possa parecer. É preciso resiliência para se
acostumar com essa situação. Bola pra frente e vamos fazer o
projeto dar certo.
O
planejamento do projeto deve focar em pequenas entregas periódicas.
Mesmo que, aparentemente, só haja uma grande entrega no final,
tentar destacar e valorizar as pequenas entregas intermediárias.
Deve estar muito claro para todos que o projeto está avançando e os
resultados, aparecendo.
E
cada entrega deve ser devidamente comemorada. Dentro ou fora do
ambiente de trabalho. Dentro, destaca a equipe perante as outras. Faz
com que ela se sinta valorizada e com que outras pessoas queiram vir
para a equipe que entrega e comemora. Fora, aumenta o sentido de
unidade da equipe e ajuda a aliviar o estresse. Comemorem! Não é
simplesmente um tapinha nas costas e “vamos para a próxima!”. É
importante festejar as conquistas, reconhecer o esforço e ver que
vale a pena continuar. Reforça o nosso caráter humano e não nos
deixa cair numa rotina. Se o gestor não toma a iniciativa, cobre
dele.
As
trocas nas equipes podem melhorar a motivação de quem sai e de quem
chega (e de quem fica). De repente, era só um problema pontual com o
projeto ou com alguma pessoa da equipe. Respirar novos ares pode ser
a solução.
E
pode ser a hora de trocar de emprego também. Quem sabe até de
profissão. Por que não? Se você não consegue melhorar o seu
trabalho e não consegue aprender a gostar dele, por que continuar
sofrendo? Porém não se iluda que não há outros problemas (ou até
os mesmos) em outros lugares. Procure se informar bem antes de dar um
passo desses.
Os
salários e atribuições da equipe devem estar adequados. O trabalho
bem feito precisa ser reconhecido e valorizado. Não
é tão fácil encontrar pessoas que fazem as coisas com alto padrão
de excelência.
É necessário fazer promoções. E não estamos falando de empresas
que promovem os seus talentos dando-lhes mais trabalho e
responsabilidades. É promoção de verdade! Promover um técnico a
gestor também pode ser estupidez caso ele não deseje e não tenha
vocação para a gestão. É a famosa máxima de perder um excelente
técnico e ganhar um péssimo gestor.
As
pessoas devem ser desafiadas a pensar diferente, a ousar, propor
soluções novas para os problemas, sair da mesmice, pensar fora da
caixa.
O
gestor tem que buscar motivação no fundo da alma ou onde ela
existir. Afinal, ele é um exemplo para a equipe. Deve contaminá-la
positivamente. Se ele não acredita no projeto, deve tentar mudá-lo
pelos meios corretos ou passar a acreditar no que existe. Não sendo
possível, deve “sair do meio”. Pedir para ser substituído a fim
de não atrapalhar o projeto.
Por
último, há pessoas que são naturalmente mais pessimistas, mais
desanimadas, mais baixo-astral. É delas! Não vão mudar! Cabe à
equipe aprender a conviver com isso e agregar as qualidades dessas
pessoas ao projeto.
A
gente se vê por aí.
Ei, psiu, se liga…
Dá para ficar sabendo das novidades do blog pelas redes sociais. Sigam-me os bons!
Conheça a minha obra completa em:
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