quarta-feira, 7 de março de 2018

Fazendo um Projeto dar Certo: Tópico 10. A equipe está desmotivada.







Passado o Carnaval, o ano começa no Brasil. É tempo de retomarmos com os nossos posts inéditos, mas a cotação da preguiça anda bastante alta e nós vamos “apenas” ler um dos melhores trechos do nosso livro Fazendo um Projeto dar Certo… Mais uma chance para você conhecer essa obra.






10. A equipe está desmotivada.

Breve descrição

Não há porque fazer o projeto dar certo.

Estamos vendo o problema acontecer

A produtividade da equipe é baixa. Muito aquém do esperado. Não há envolvimento da equipe com o projeto. O clima no ambiente de trabalho é muito ruim.
O trabalho é mal dividido. O gestor não consegue distribuir bem as tarefas. Há sobrecarga. Há ócio. Pessoas recebem atividades para as quais não estão preparadas, para as quais não foram contratadas. As prioridades mudam ao sabor do vento.
Os resultados do projeto não acontecem. Não há entregas. Os marcos não são atingidos. A equipe não sente que o projeto está andando. A roda não gira. E, até mesmo quando entregam, não há comemorações. Não há tempo a perder. Só mais trabalho. As pessoas são retiradas do projeto imediatamente antes das realizações. Depois de 2 anos de trabalho duro, elas saem a 1 mês da entrega final.
O projeto muda muito. Aquelas atividades extremamente essenciais da semana passada que consumiram várias horas extras não são mais necessárias. O novo escopo não para de chegar. Parece infinito. É preciso adiar um pouco a entrega para agregar novas funcionalidades.
Os salários estão inadequados. Funcionários com mais capacitação e mais resultados positivos para o projeto ganham menos que outros injustamente.
Não há reconhecimento pela qualidade do trabalho nem pelos resultados alcançados. Não há mérito. As promoções são injustas e distorcem ainda mais a realidade. As pessoas que contribuem menos para o projeto são promovidas em detrimento das que realmente estão “vestindo a camisa”. Ou então as promoções não acontecem. A única promoção conhecida é receber mais trabalho.
A inovação é podada. As pessoas são proibidas de pensar em soluções alternativas, em métodos e soluções diferentes para a resolução dos problemas. É proibido pensar. Na verdade, são robôs que só devem executar o que lhes é pedido. As pessoas não são desafiadas. São estimuladas a pensarem só de maneira óbvia. Não recebem as atividades mais desafiadoras. Já recebem as soluções definidas mesmo sabendo que tecnicamente essas soluções não resolverão o problema em questão.
Não há participação. As decisões são centralizadas. Vale o que a gestão disser e ponto final. Não há espaço para a contrariedade. As opiniões técnicas não contam. As decisões são meramente políticas. Os prazos são irreais. Os prazos informados aos clientes são somente políticos e não há um planejamento efetivo que os garanta. A equipe executa o projeto desde o primeiro dia sabendo que o mesmo vai atrasar.
A gestão das pessoas é ruim. As pessoas não são respeitadas. As condições de trabalho são precárias.
As pessoas não sabem o que estão fazendo. Não sabem o que é o projeto, seus objetivos, seu andamento, suas metas. A equipe não sabe o que está acontecendo. Circulam informações contraditórias.
A tecnologia é velha. A equipe entende que está perdendo tempo aprendendo a utilizar uma tecnologia ultrapassada e que o mercado não usa mais. Não há como agregar esse conhecimento ao currículo. Não há como buscar outros empregos graças a esse aprendizado. As pessoas entendem que o projeto está passando e elas não estão se desenvolvendo.
Há um colega que não gosta do trabalho atual. Não gosta do emprego. Não gosta da empresa. Não gosta dos colegas. Não gosta do gestor.
Os projetos pessoais são ignorados. Só interessam os resultados empresariais. Férias são adiadas. Viagens são canceladas. Não há tempo para os filhos nem para os esportes e hobbies.
O gestor está desmotivado. Nem ele acredita mais no projeto. Ele aceitou o projeto por questões financeiras e não por questões técnicas ou ideológicas. O gestor não se identifica com o projeto.
Resumindo, o projeto possui vários problemas como os discutidos nesse livro.

Fazendo um projeto dar certo

Projetos são executados por equipes que são compostas por pessoas. Então, segue a dica mais importante desse livro: tratar as pessoas como pessoas. Parece óbvio? Pois vários gestores, em vários momentos, não agem de acordo com essa premissa. Respeito é a base de qualquer relacionamento.
Em projetos comunitários, as pessoas estão envolvidas por ideais. Não por dinheiro. Porém, essa linha é tênue. Qualquer desavença pode tirá-las do projeto.
Embora haja várias dicas aqui e vários livros sobre motivação, nada é melhor do que uma conversa aberta com as pessoas para entender como estão se sentindo e o que está acontecendo com elas.
As pessoas gostam de saber o que está acontecendo no ambiente de trabalho. Precisam entender o contexto na qual estão inseridas. Sentem-se realizadas ao poder expressar a sua opinião sobre os assuntos do projeto. Ainda que a opinião delas não possa ser seguida, pelo menos há a ótima sensação de poder falar e contribuir, de não se omitir, de não ser censurado.
É importante desenvolver uma comunicação ampla e democrática, na qual todos tenham acesso às informações que querem e que podem ser divulgadas. Todos sabem o que está acontecendo. O trabalho é participativo. As opiniões das pessoas são ouvidas. Elas são convidadas a opinar e podem fazê-lo quando assim desejam. Seus estudos, conhecimentos e valores são considerados.
A equipe é responsável por apontar todos os problemas que vê no projeto. Sejam técnicos, políticos, estruturais ou organizacionais. “Olha, entendemos que o projeto não vai dar certo por isso, por isso e por isso. Essas são as mudanças que sugerimos para fazer o projeto dar certo!”. Mas é preciso maturidade para entender que várias e várias coisas não vão mudar. Por mais óbvio e necessário que possa parecer. É preciso resiliência para se acostumar com essa situação. Bola pra frente e vamos fazer o projeto dar certo.
O planejamento do projeto deve focar em pequenas entregas periódicas. Mesmo que, aparentemente, só haja uma grande entrega no final, tentar destacar e valorizar as pequenas entregas intermediárias. Deve estar muito claro para todos que o projeto está avançando e os resultados, aparecendo.
E cada entrega deve ser devidamente comemorada. Dentro ou fora do ambiente de trabalho. Dentro, destaca a equipe perante as outras. Faz com que ela se sinta valorizada e com que outras pessoas queiram vir para a equipe que entrega e comemora. Fora, aumenta o sentido de unidade da equipe e ajuda a aliviar o estresse. Comemorem! Não é simplesmente um tapinha nas costas e “vamos para a próxima!”. É importante festejar as conquistas, reconhecer o esforço e ver que vale a pena continuar. Reforça o nosso caráter humano e não nos deixa cair numa rotina. Se o gestor não toma a iniciativa, cobre dele.
As trocas nas equipes podem melhorar a motivação de quem sai e de quem chega (e de quem fica). De repente, era só um problema pontual com o projeto ou com alguma pessoa da equipe. Respirar novos ares pode ser a solução.
E pode ser a hora de trocar de emprego também. Quem sabe até de profissão. Por que não? Se você não consegue melhorar o seu trabalho e não consegue aprender a gostar dele, por que continuar sofrendo? Porém não se iluda que não há outros problemas (ou até os mesmos) em outros lugares. Procure se informar bem antes de dar um passo desses.
Os salários e atribuições da equipe devem estar adequados. O trabalho bem feito precisa ser reconhecido e valorizado. Não é tão fácil encontrar pessoas que fazem as coisas com alto padrão de excelência. É necessário fazer promoções. E não estamos falando de empresas que promovem os seus talentos dando-lhes mais trabalho e responsabilidades. É promoção de verdade! Promover um técnico a gestor também pode ser estupidez caso ele não deseje e não tenha vocação para a gestão. É a famosa máxima de perder um excelente técnico e ganhar um péssimo gestor.
As pessoas devem ser desafiadas a pensar diferente, a ousar, propor soluções novas para os problemas, sair da mesmice, pensar fora da caixa.
O gestor tem que buscar motivação no fundo da alma ou onde ela existir. Afinal, ele é um exemplo para a equipe. Deve contaminá-la positivamente. Se ele não acredita no projeto, deve tentar mudá-lo pelos meios corretos ou passar a acreditar no que existe. Não sendo possível, deve “sair do meio”. Pedir para ser substituído a fim de não atrapalhar o projeto.
Por último, há pessoas que são naturalmente mais pessimistas, mais desanimadas, mais baixo-astral. É delas! Não vão mudar! Cabe à equipe aprender a conviver com isso e agregar as qualidades dessas pessoas ao projeto.







A gente se vê por aí.


Ei, psiu, se liga…
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