Alânia
(esposa), Aurinete (sogra), Eugênia (irmã) e Vicente (pai) estão
colecionando as moedas especiais das Olimpíadas 2016.
Eles
estão angustiados porque faltam três moedas para completar a
coleção. Todos sentem faltas das mesmas moedas. E eu só
pensando: esse povo parece que nunca colecionou
álbum de figurinhas! Sempre existem algumas figurinhas que
não são impressas. São as figurinhas raras que nos forçam a
continuar comprando mais e mais figurinhas, mantendo o sistema
lucrativo.
(Recentemente, trouxe uma moedinha dessas do Rio e faturei uns pontos com a patroa.)
Pois não é que tem um site vendendo as moedas das olimpíadas?
Por
“apenas” 13 reais
você consegue comprar uma moeda de 1 real!
E aí parece que eu perdi algumas aulas de matemática ou de
finanças... Que
doideira!
Mas
ainda piora. A moeda de prata de 5 reais custa 195 reais e a
moeda de ouro de 10 reais custa 1180 reais!
Pode isso, Arnaldo?
Eu
considero um grande erro o órgão governamental estimular a coleção
de moedas. Produzir dinheiro custa muito dinheiro. E esse
dinheiro sai todo dos nossos impostos. Por isso, a moeda tem que
estar circulando pela economia. Dinheiro guardado é prejuízo para a
nação.
Encontrei
um site com tudo sobre todas as moedas de todos os tempos. É o
XVídeos dos numismáticos – que é a galera que tem tesão em
moedas. (E se você gosta de cultura
inútil, já acumula mais essa aí!)
O
que é o dinheiro?
Não
é só um papel com uns números impressos? Não é só ligar a
impressora e imprimir mais, como no
filme O homem que copiava?
Não
é tão simples assim. O papel, para ter valor como dinheiro, precisa
ter lastro. Que geralmente é garantido em ouro ou
outras riquezas
naturais. Ou seja, quem imprime precisa
ter ouro que represente aquela riqueza escrita nos papéis.
Sabia
que a primeira moeda do Brasil foi o real?
E
a inflação? Basicamente, é a
desvalorização da moeda. A perda do poder de compra. É aquela sua
notinha que não compra mais as mesmas coisas que comprava antes.
Você lembra que existiam cédulas verdes de 1 real?
E
o custo de vida? A
gente trabalha aqui em um bairro chamado Aldeota – que é um dos
mais caros de Fortaleza. Às vezes,
alguém reclama do preço de alguma coisa e outra pessoa já
responde: “mas sabe como é, né? Você está na Aldeota! Saindo
daqui, já fica mais barato!”. Por
exemplo, um espetinho aqui custa 3,50. Lá nas minhas áreas, sai por
2,50.
Uma
água mineral aqui em Fortaleza custa 2 reais.
Uma água equivalente
custa 2 euros
lá na
Europa. É o mesmo 2! Mas a moeda muda.
E isso implica mais ou menos em dizer que a água deles custa 4 vezes
o valor da nossa.
Resumindo,
em um lugar onde todas as coisas são
mais caras, todo mundo tem mais dinheiro circulando e esse lugar é
mais rico! Que
doideira!
Recentemente, estive no Aeroporto do Rio de Janeiro, onde paguei 10 R$ em uma garrafa de cerveja de 275 ml pela qual normalmente pago 3,50 R$ no supermercado aqui do bairro.
A política petista de valorização do salário-mínimo fez muito bem para a economia brasileira. Assim como, salário mais alto encarece as coisas (inflação). É exatamente disso que estamos falando.
O
meu tio João Batista me falou: “rapaz, São Paulo é o melhor
lugar do mundo pra ganhar dinheiro. Mas logo você também gasta tudo
porque todas as coisas são muito caras. Não consigo juntar nada.
Trabalho muito, ganho muito e gasto muito também.”
Aquela
garrafa de água mineral deve custar uns 5 reais lá
em São Paulo.
A
Hyundai, em uma atitude honesta com os
seus clientes, padronizou os preços das manutenções. O
serviço de alinhamento e balanceamento de pneus custa 150 reais.
Pode até ser um preço justo – pra São Paulo! Aqui no Ceará é o
dobro ou o triplo do que é praticado. Então,
os concessionários locais estão concedendo descontos ou não verão
suas máquinas trabalhando.
A
nossa cachaça mais famosa é vendida aqui no supermercado por 15
reais.
Um litro da malvada chega na Europa por 15 euros,
como produto superchique importado do Brasil, melhor cachaça etc.
Repare que é o mesmo 15.
Dando um desconto aí dos custos de transporte, o resto é custo de
vida.
Também
existe o dinheiro “de plástico” ou eletrônico. Os cartões têm
contribuído para diminuir a quantidade de moeda circulante,
reduzindo também a criminalidade. Lembrando
que eles cobram CPMFS (Contribuição Para Manter Funcionando o
Sistema).
No
último hotel que eu fiquei no Rio, havia uma plaquinha informativa
na recepção, com as cotações de moedas do dia. Algo
como:
-
ingleses, multipliquem os seus pounds por 4,3054993
-
europeus, multipliquem os seus euros por 3,6130
-
norte-americanos, multipliquem os seus dólares por 3,2800995
-
argentinos, multipliquem os seus pesos por 0,2155
-
para os chilenos: multipliquem os seus pesos por 0,005032
E
eu fiquei pensando: rapaz,
uma água no Chile deve custar 10 mil!
E
a bolsa?
Na
bolsa estão empresas que valem muito mais do que o seu patrimônio
ou do que a sua capacidade de gerar riquezas. Há
empresas de TI com 10 caras que, de repente, valem bilhões. Alguém
genialmente as
batizou de pontocom.
Achou
petróleo, a empresa sobe. Acidente? A empresa cai. Se um político
fala o que não “deve” ou
dá uma topada, a empresa pode subir ou descer um bocado em um só
dia. As guerras também afetam as
bolsas. Quando o presidente do Bradesco
foi indiciado, disseram que o banco perdeu 5 bilhões de reais em um
só dia! É uma especulação do caramba! Que
doideira!
Eu
conheço gente que passa o dia inteiro
olhando os gráficos da bolsa na tela e torcendo
como em uma partida de futebol. Eu fico
no limiar se isso é um vício doentio ou um lazer saudável.
Meu
pai disse que as bolsas e as empresas fictícias são invenções dos
americanos para roubar o nosso dinheiro.
O
meu avô Antoin Pereira dizia que, quando um negócio é complicado
demais, tão complicado que a gente comum tem muitas
dificuldades para entender, é porque
tem algum estelionatário tentando nos tapear.
Para
terminar de forma histórica esse post, segue uma lista
de compras de supermercado de 1994, uma
das primeiras do plano real. Ela só
existe graças a imensa organização do meu pai e eu a estou
colocando aqui na Internet para a posteridade. É
interessante ver que havia vários
produtos custando menos de 1 real – a
notinha verde lá de cima. Considere também que vários produtos
tiveram significativas reduções nas
suas quantidades ao longo dessas duas
décadas, como forma de driblar a inflação.
O
blog está aceitando doações em dinheiro.
Brincadeira!
Um
abraço!
SE
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Ei, psiu, se liga…
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