Recentemente,
a Revista Quatro Rodas trouxe uma reportagem excelente mostrando os
bastidores do desenvolvimento de um novo modelo da Fiat, de codinome
Toro.
Eu
achei a reportagem genial e com uma temática bem peculiar ao nosso
blog. Peguei o mote e aqui estamos. Nesse post,
vamos falar um pouco sobre o projeto de um novo carro e sobre carros
em geral.
Tudo
começa com um planejamento estratégico da montadora: como vai ser o
mercado daqui a alguns anos? Como trazer novidades que caiam no gosto
do público? Para onde as tecnologias e a legislação apontam?
Remodelar ou buscar produtos totalmente novos?
Com
um direcionamento inicial em mãos, as equipes de pesquisa e
marketing vão a campo em busca de obter insumos de potenciais
clientes sobre que tipo de carro eles estão interessados.
As
equipes de design e engenharia recebem a encomenda e arregaçam as
mangas. Inicialmente, tudo é feito em computadores. Até mesmo a
simulação dos equipamentos operando durante milhares de
quilômetros.
O
marketing também é crucial para conseguir a autorização do
chefão. Afinal, é ele quem vai investir alguns “trocados” no
desenvolvimento de um novo carro que pode não vingar. Ele
é o patrocinador do projeto.
Aos
poucos, o carro vai ganhando forma. Inclusive, com um primeiro molde
em argila, para melhor análise e ajustes do design.
Dois
anos depois, o carro está à venda nas lojas do grupo.
E
o nome?
O
nome é obra-prima do marketing. É encontrar um nome que inspire
todas as características que os clientes buscam no carro.
Geralmente, termos estrangeiros ou neologismos para facilitar o
registro da marca.
Com
certeza não chega nem perto dos nomes que eles dão para as cores
dos carros. São nomes que inspiram “sensações”. Esqueça
aquela história de cores básicas, vermelho, amarelo, azul… Óbvio
que eles vão te cobrar uma grana extra para “pintar” o carro com
essas renomadas cores. Talvez eu até pagasse desde que eu
pudesse escolher a cor, como laranja, por exemplo.
Nas
fotos e comerciais, os carros aparecerem geralmente com cores muito
esportivas, para despertar o desejo pela novidade – testosterona
pura. Na vida real, quase todos os carros brasileiros são pretos,
cinzas ou brancos. Agora, até precisamos ligar as luzes durante o
dia para diferenciar os carros do asfalto.
E
o preço?
De
acordo com o serviço da Quatro Rodas, você
consegue comprar carros zero quilômetro (novos) no Brasil desde 32 mil reais até 4,7
milhões de reais. Pode isso, Arnaldo?
De
acordo com a minha filosofia de vida, gastar mais do que 50 mil reais
em um carro é loucura.
De
acordo com o serviço da Quatro Rodas, a Fiat Toro custa entre 78 e
118 mil reais, dependendo da versão.
E
aqui temos outra grande participação do marketing: quanto
conseguiremos cobrar por este produto? Quanto
as pessoas estarão dispostas a pagar por ele?
Lembrando
sempre do maldito Lucro Brasil. Uma teoria abominável de que nós
brasileiros “curtimos” pagar o dobro ou o triplo pelos produtos
que consumimos. Muito estranho pensar que não é o comprador quem dá
o preço.
Lembrando
também que o projeto torrou mais
ou menos 1 bilhão de dólares e é preciso recuperar essa
grana.
E
aí? Se tivesse essa grana, você daria 80 mil reais pela Fiat Toro? Mais de 15 mil pessoas já fizeram isso.
E
os testes?
Os
números dos testes da Fiat Toro são incríveis (e talvez
justifiquem boa parte do bilhão de dólares). Fora todos os testes e
simulações feitas em computador, a Toro rodou
4 milhões de quilômetros em estradas, ruas e vias fora de estrada e
1 milhão de quilômetros em bancos de prova (dinamômetros).
Para isso, a Fiat precisou de 500 unidades do
carro, nos mais variados estágios de desenvolvimento. Em nome
da segurança, até testes de destruição do carro são feitos!
É
preciso avaliar bem quanto será gasto em testes para maximizar o
sucesso do produto e diminuir os custos de recalls futuros.
Mas
eu sou desenvolvedor de sistemas e sei que nunca conseguimos fazer
todos os testes que gostaríamos. Por mais que façamos simulações,
o teste real ocorre mesmo quando usuários de verdade estão
utilizando o sistema, resolvendo os problemas para os quais ele foi
desenhado. É a hora do “pega pra capar”.
Eu
comungo com a teoria do meu colega Luiz de nunca comprar um carro
recém-lançado. A ideia é dar rodagem ao carro. Deixar algumas
cobaias testarem o carro à vera. Depois de 1 ou 2 anos, você
consegue realmente avaliar a robustez do projeto e a qualidade do
pós-venda. Tem muita gente reclamando? É fácil comprar um modelo
semi-novo?
Falando
em testes, o último capítulo do nosso livro Fazendo
um projeto dar certo aborda esse tema. Lá, discutimos
centenas de dicas sobre como fazer testes mais
efetivos para o seu sistema. Obviamente, quando você não
dispõe de 1 bilhão de dólares para testá-lo. Não deixe de
conferir e volte aqui para debatermos.
Um
abraço.
Dá para ficar sabendo das novidades do blog pelas redes sociais. Sigam-me os bons!
Conheça a minha obra completa em:
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