quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

Algumas palavras improdutivas sobre produtividade





No mundo capitalista do século XXI, as empresas buscam aumentar a sua produtividade infinita e insanamente.


Os trabalhadores são capacitados para produzirem mais e melhor. São devidamente orientados sobre o que devem fazer e a cobrança por resultados é mais certa do que a Terra girar ao redor do Sol.


Processos de trabalho são estudados e redesenhados. Novas metodologias são empregadas. Investe-se em automação onde for possível. Tudo em busca de mais e mais produtividade.












No serviço público, nós temos uma dificuldade absurda para atingirmos uma boa produtividade. Por mais que estudemos e busquemos aprimorar o nosso trabalho com técnicas mais produtivas, por mais esforço físico que façamos com horas extras, a nossa produtividade está inserida em um contexto gigantesco sobre o qual não temos nenhum controle.


Geralmente, nossos projetos são pequenas pecinhas de um quebra-cabeças gigantesco e, apenas a nossa pecinha, não serve pra muita coisa.


Não temos controle sobre quando teremos as outras peças para a montagem do quebra-cabeça e a nossa produtividade fica totalmente dependente disso. Pior ainda é quando muda o comando (governo) e os projetos são simplesmente repriorizados, um eufemismo para não dizer cancelados.


Já vi equipes se matando e aplicando as melhores técnicas dos manuais de produtividade durante anos para, no fim, o resultado dos seus esforços ser simplesmente jogado na lata do lixo.


E aí ficamos com a frustração técnica: por ver que os nossos estudo, esforço e trabalho não resultaram em nada. E ficamos ainda com a frustração cidadã: por ver o dinheiro dos nossos impostos sendo tratado dessa forma.




Mas, afinal, o que é essa tal produtividade?


É aquele cara que chega todo dia às 8 em ponto no trabalho? Não. O nome disso é pontualidade.


É o funcionário que nunca falta? Não. O nome disso é assiduidade.


É o cara que tenta, tenta, tenta e não desiste nunca? Não. O nome disso é resistência. Pode até ser definido como teimosia ou burrice em alguns contextos.


É o gênio que otimiza os recursos da empresa? Depende. Se ele estiver economizando, mas não estiver resolvendo os problemas que precisam ser resolvidos, a produtividade dele está péssima.


É o cara que resolve os problemas difíceis para a equipe? Aí, sim, uma definição que me agrada mais.


Às vezes, ele até chega atrasado ou até mesmo falta. Mas, quando aperta, quando precisa de um conhecimento mais profundo ou de uma solução mais sofisticada, a equipe sabe a quem recorrer. De repente, é o cara que resolve em dez minutos o que outros não desenrolam em semanas de trabalho.


Obviamente, em fábricas a produtividade é mais facilmente mensurada pela quantidade de unidades produzidas.




O caso Cristian Baroni


Eu tive o insight pra esse post após receber o meme abaixo:







Pra quem prefere mil palavras em vez de uma imagem:




Cristian chegou ao Corinthians em 2008 e o seu grande feito com a nossa camisa foi em 2009:







Isso mesmo: fazer um golaço emocionante no fim do jogo e comemorar fazendo gestos obscenos para a torcida rival.


Depois disso, ele foi promovido para o Fenerbahçe, da Turquia, para passar 5 anos sendo remunerado em euros.


Em 2014, oficialmente por excesso de estrangeiros no elenco e, na prática, por deficiência física, rescindiu o seu contrato em euros e negociou um contrato maravilhoso para voltar ao Corinthians.


Três anos de serviços prestados com vencimentos mensais de 400 mil reais! Simplesmente um dos maiores salários da empresa.


Claro que ele foi muito ajudado na negociação pelas lembranças que tinha deixado no inconsciente da torcida.


Pois bem, em seus novos três anos de Corinthians, foi desprezado, por deficiência física (uma séria lesão no púbis), por 4 treinadores, incluindo o deus Tite!


E, agora, no seu terceiro ano, atingiu o cúmulo de passar o ano inteiro sem jogar, sendo emprestado ao Grêmio em setembro, onde também não atuou pela Copa Libertadores, gerando o meme bizarro que originou o post.


400 paus pra não jogar!


Multicampeão sem jogar!


Mas esse post é sobre produtividade! Esse ano, o cara simplesmente foi o único jogador do Brasil a ganhar os três supertítulos mais desejados do país. Produtividade monstra! Ao mesmo tempo, não jogou por um minuto sequer: produtividade zero!


Em sua defesa, eu posso dizer que ele não teve culpa ao ser contratado por tanto tempo e com um salário tão alto, mesmo tendo apresentado problemas físicos. Tenho certeza absoluta de que ele ficou muito triste com esse meme, mas é preciso refletir sobre o caso.


Um abraço e segue o jogo!



Ei, psiu, se liga…
Dá para ficar sabendo das novidades do blog pelas redes sociais. Sigam-me os bons!


        

Conheça a minha obra completa em:

Nenhum comentário:

Postar um comentário