No
mundo capitalista do século XXI, as empresas buscam aumentar a sua
produtividade infinita e insanamente.
Os
trabalhadores são capacitados para produzirem mais e melhor. São
devidamente orientados sobre o que devem fazer e a cobrança por
resultados é mais certa do que a Terra girar ao redor do Sol.
Processos
de trabalho são estudados e redesenhados. Novas metodologias são
empregadas. Investe-se em automação onde for possível. Tudo em
busca de mais e mais produtividade.
No
serviço público, nós temos uma dificuldade absurda para atingirmos
uma boa produtividade. Por mais que estudemos e busquemos aprimorar o
nosso trabalho com técnicas mais produtivas, por mais esforço
físico que façamos com horas extras, a nossa produtividade está
inserida em um contexto gigantesco sobre o qual não temos nenhum
controle.
Geralmente,
nossos projetos são pequenas pecinhas de um quebra-cabeças
gigantesco e, apenas a nossa pecinha, não serve pra muita coisa.
Não
temos controle sobre quando teremos as outras peças para a montagem
do quebra-cabeça e a nossa produtividade fica totalmente dependente
disso. Pior ainda é quando muda o comando (governo) e os projetos
são simplesmente repriorizados, um eufemismo para não dizer
cancelados.
Já
vi equipes se matando e aplicando as melhores técnicas dos manuais
de produtividade durante anos para, no fim, o resultado dos seus
esforços ser simplesmente jogado na lata do lixo.
E
aí ficamos com a frustração técnica: por ver que os
nossos
estudo, esforço e trabalho não resultaram
em nada. E ficamos ainda com a frustração cidadã: por ver o
dinheiro dos nossos impostos sendo tratado dessa forma.
Mas,
afinal,
o que é essa
tal produtividade?
É
aquele cara que chega todo dia às 8 em ponto no trabalho? Não. O
nome disso é pontualidade.
É
o funcionário que nunca falta? Não. O nome disso é assiduidade.
É
o cara que tenta, tenta, tenta e não desiste nunca? Não. O nome
disso é resistência. Pode até ser definido como teimosia ou
burrice em alguns contextos.
É
o gênio que otimiza os recursos da empresa? Depende. Se ele estiver
economizando, mas não estiver resolvendo os problemas que precisam
ser resolvidos, a produtividade dele está péssima.
É
o cara que resolve os problemas difíceis para a equipe? Aí, sim,
uma
definição que me agrada mais.
Às
vezes, ele até chega atrasado ou até mesmo falta. Mas, quando
aperta, quando precisa de um conhecimento mais profundo ou de uma
solução mais sofisticada, a equipe sabe a quem recorrer. De
repente, é o cara que resolve em dez minutos o
que outros não desenrolam em semanas de trabalho.
Obviamente,
em fábricas a produtividade é mais facilmente mensurada pela
quantidade de unidades produzidas.
O
caso Cristian Baroni
Eu
tive o insight
pra esse post após receber o meme abaixo:
Pra
quem prefere mil palavras em vez de uma imagem:
Cristian
chegou ao Corinthians em 2008 e o seu grande feito com a nossa camisa
foi em 2009:
Isso
mesmo: fazer um golaço emocionante no fim do jogo e comemorar
fazendo
gestos obscenos para a torcida rival.
Depois
disso, ele foi promovido para o Fenerbahçe, da Turquia, para
passar
5 anos sendo remunerado em euros.
Em
2014, oficialmente por excesso de estrangeiros no elenco e, na
prática, por deficiência física,
rescindiu o seu contrato em euros e negociou um contrato maravilhoso
para voltar ao Corinthians.
Três
anos de serviços prestados com vencimentos mensais de 400 mil reais!
Simplesmente
um dos maiores salários da empresa.
Claro
que ele foi muito ajudado na negociação pelas
lembranças que tinha deixado no inconsciente da torcida.
Pois
bem, em seus novos
três
anos de Corinthians, foi desprezado, por deficiência física
(uma séria lesão no púbis),
por 4 treinadores, incluindo o deus Tite!
E,
agora, no seu terceiro ano, atingiu o cúmulo de passar o ano inteiro
sem jogar, sendo
emprestado ao Grêmio em setembro, onde também não atuou
pela Copa Libertadores, gerando o meme bizarro que originou o post.
400
paus pra não jogar!
Multicampeão
sem jogar!
Mas
esse post é sobre produtividade! Esse ano, o cara simplesmente foi
o
único jogador do Brasil a ganhar os três
supertítulos mais
desejados do país.
Produtividade
monstra!
Ao mesmo tempo, não jogou por um minuto sequer: produtividade
zero!
Em
sua defesa, eu posso dizer que ele não teve culpa ao
ser contratado por tanto tempo e com um salário tão alto, mesmo
tendo apresentado problemas físicos. Tenho
certeza absoluta de que ele ficou muito triste com esse meme, mas é
preciso refletir sobre o caso.
Um
abraço e segue o jogo!
Ei, psiu, se liga…
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