Em
2007 eu precisei me afastar do projeto por conta de uma licença para
o meu casamento. Quando eu voltei, o gerente precisava de um
profissional para estudar uma demanda nova e adivinha quem foi o
escolhido? Adivinha quem foi dispensado da equipe por estar afastado
há 2 semanas e descontextualizado do projeto? Adivinha quem estava
mais facilmente descartável? Adivinha qual cabeça estava dando
sopa?
Pois
eu peguei a danada da demanda para estudá-la. Depois de algumas
viagens e algumas semanas de estudo, aquela demanda tomou grandes
proporções e acabou virando um projeto. E foi assim,
acidentalmente, que eu me tornei gestor de projeto aos 21 anos. Agora
eu tinha escopo a entregar, prazo a cumprir, equipe a gerenciar e uma boa gratificação
no meu salário.
Mas
como gerenciar pessoas que tinham o dobro da minha idade?
Nos
meus primeiros anos como gerente, eu ainda era muito técnico. Ou
seja, eu executava mais atividades técnicas do que gerenciais no
projeto. Por exemplo, eu adorava programar e odiava elaborar
cronogramas.
Eu
e outros colegas vivíamos situações parecidas: estávamos
iniciando no mundo da gestão. Na marra!
Aos
poucos, fomos fazendo alguns cursos específicos de gestão, como
feedbacks e negociação.
Também procuramos um MBA completo em
gerenciamento de projetos. E aprendemos muito na
prática, gerindo projetos de verdade. Tanto que alguns anos
depois eu escrevia um livro sobre gerenciamento de projetos.
O
meu vizinho está no 5º semestre da faculdade de Computação. Ele
alega que não gosta de programar (boa sorte). Então, quer começar
como gerente.
Eu
não recomendo (nem mesmo se você está montando a sua própria
empresa). Ser gerente é totalmente diferente
de ser técnico. São atribuições e responsabilidades
completamente distintas. Todos os dias do projeto, um gerente precisa
minimamente:
-
Coordenar uma equipe de pessoas
-
Negociar os interesses do projeto com diversos interessados
-
Ouvir e dar feedback à equipe e aos demais envolvidos
-
Advogar em defesa do projeto e da equipe
-
Gerenciar pessoas
Somente
cursos teóricos também não são suficientes. É muito
importante ter uma base teórica sólida, mas gestão se aprende
praticando. O ideal é estagiar. Assistir e acompanhar por algum
tempo gerentes experientes. Você vai vê-los extrapolando os limites
e tendo alguns comportamentos anormais, talvez por conta da pressão
que estão recebendo.
É
a chance para você avaliar friamente se agiria daquela forma.
Eu
defendo que todos sejam gerentes pelo menos por um dia. Isso vai
melhorar a empatia da equipe. É a hora de conhecer as pressões que
o seu gerente sofre e as limitações que ele tem para gerenciar o
projeto. Com certeza, você vai ser um profissional melhor depois
desse dia.
Também
defendo que gerentes trabalhem como técnicos de vez em quando.
Depois de 8 anos como gerente, voltei a exercer atividades técnicas.
Fora a minha defasagem técnica – que está me dando uma canseira,
tenho percebido algumas coisas interessantes: a equipe tem o ritmo e
as dificuldades dela; algumas atitudes que eu tinha não eram muito
bem-vindas e também entendo melhor porque alguns dos meus esforços
de comunicação eram inúteis.
Bora
dar uma lida no livro?
No
livro Fazendo
um projeto dar certo, há um capítulo inteiro sobre
gestão no qual discutimos em vários tópicos os problemas causados
por uma gestão ineficiente no projeto. São eles:
-
20. O gestor está executando muitas atividades técnicas do projeto.
-
21. O gestor descuida da parte administrativa do projeto.
-
22. O gestor só cuida da parte administrativa do projeto.
-
23. O gestor não distribui as tarefas para a equipe.
-
24. O gestor não confia na sua equipe.
-
25. O gestor não conhece as tecnologias utilizadas no projeto.
-
26. A gestão das pessoas no projeto é muito ruim.
-
28. Não há gestão no projeto.
Estamos aqui. E aí...
Ei, psiu, se liga…
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