sexta-feira, 11 de março de 2016

Meu vizinho quer iniciar como gerente






Em 2007 eu precisei me afastar do projeto por conta de uma licença para o meu casamento. Quando eu voltei, o gerente precisava de um profissional para estudar uma demanda nova e adivinha quem foi o escolhido? Adivinha quem foi dispensado da equipe por estar afastado há 2 semanas e descontextualizado do projeto? Adivinha quem estava mais facilmente descartável? Adivinha qual cabeça estava dando sopa?


Pois eu peguei a danada da demanda para estudá-la. Depois de algumas viagens e algumas semanas de estudo, aquela demanda tomou grandes proporções e acabou virando um projeto. E foi assim, acidentalmente, que eu me tornei gestor de projeto aos 21 anos. Agora eu tinha escopo a entregar, prazo a cumprir, equipe a gerenciar e uma boa gratificação no meu salário.


Mas como gerenciar pessoas que tinham o dobro da minha idade?






Nos meus primeiros anos como gerente, eu ainda era muito técnico. Ou seja, eu executava mais atividades técnicas do que gerenciais no projeto. Por exemplo, eu adorava programar e odiava elaborar cronogramas.


Eu e outros colegas vivíamos situações parecidas: estávamos iniciando no mundo da gestão. Na marra!


Aos poucos, fomos fazendo alguns cursos específicos de gestão, como feedbacks e negociação. Também procuramos um MBA completo em gerenciamento de projetos. E aprendemos muito na prática, gerindo projetos de verdade. Tanto que alguns anos depois eu escrevia um livro sobre gerenciamento de projetos.


O meu vizinho está no 5º semestre da faculdade de Computação. Ele alega que não gosta de programar (boa sorte). Então, quer começar como gerente.


Eu não recomendo (nem mesmo se você está montando a sua própria empresa). Ser gerente é totalmente diferente de ser técnico. São atribuições e responsabilidades completamente distintas. Todos os dias do projeto, um gerente precisa minimamente:
  • Coordenar uma equipe de pessoas
  • Negociar os interesses do projeto com diversos interessados
  • Ouvir e dar feedback à equipe e aos demais envolvidos
  • Advogar em defesa do projeto e da equipe
  • Gerenciar pessoas


Somente cursos teóricos também não são suficientes. É muito importante ter uma base teórica sólida, mas gestão se aprende praticando. O ideal é estagiar. Assistir e acompanhar por algum tempo gerentes experientes. Você vai vê-los extrapolando os limites e tendo alguns comportamentos anormais, talvez por conta da pressão que estão recebendo.


É a chance para você avaliar friamente se agiria daquela forma.





Eu defendo que todos sejam gerentes pelo menos por um dia. Isso vai melhorar a empatia da equipe. É a hora de conhecer as pressões que o seu gerente sofre e as limitações que ele tem para gerenciar o projeto. Com certeza, você vai ser um profissional melhor depois desse dia.


Também defendo que gerentes trabalhem como técnicos de vez em quando. Depois de 8 anos como gerente, voltei a exercer atividades técnicas. Fora a minha defasagem técnica – que está me dando uma canseira, tenho percebido algumas coisas interessantes: a equipe tem o ritmo e as dificuldades dela; algumas atitudes que eu tinha não eram muito bem-vindas e também entendo melhor porque alguns dos meus esforços de comunicação eram inúteis.


Bora dar uma lida no livro?


No livro Fazendo um projeto dar certo, há um capítulo inteiro sobre gestão no qual discutimos em vários tópicos os problemas causados por uma gestão ineficiente no projeto. São eles:
  • 20. O gestor está executando muitas atividades técnicas do projeto.
  • 21. O gestor descuida da parte administrativa do projeto.
  • 22. O gestor só cuida da parte administrativa do projeto.
  • 23. O gestor não distribui as tarefas para a equipe.
  • 24. O gestor não confia na sua equipe.
  • 25. O gestor não conhece as tecnologias utilizadas no projeto.
  • 26. A gestão das pessoas no projeto é muito ruim.
  • 28. Não há gestão no projeto.

Estamos aqui. E aí...


Ei, psiu, se liga…
Dá para ficar sabendo das novidades do blog pelas redes sociais. Sigam-me os bons!


        


Conheça a minha obra completa em:

Nenhum comentário:

Postar um comentário