Com
a devida licença dos leitores do blog, preciso desse espaço para
publicar uma homenagem ao meu grande amigo que faleceu ontem.
Daí
você acorda, como faz todos os dias, e abre o seu site favorito de
notícias, como fez todos os dias nos últimos 10 anos, aí você
descobre que o Google tirou o seu site favorito do ar.
Essa
é a melhor descrição de como eu me senti hoje.
Desde
então, meu dedo coçando pra abrir o site, na esperança de que ele
estará lá, e com medo de que ele não esteja.
Essa
é a melhor descrição de como eu me senti hoje.
Quando
os amigos começaram a compartilhar a notícia comigo, eu tive a
mesma reação que muitos tivemos:
–
Isso
é fake? É real? Cadê a notícia? Por que você mandou só o print?
Essa
é a melhor descrição de como eu me senti hoje.
Eu
tinha recebido de uma fonte muito confiável, mas era bem melhor se
fosse fake.
Daí
você dá um Google e lá está a porra da notícia que você se
recusa a ver.
Era
verdade o bilhete.
E
eu terminei o meu post da manhã com
pqp
A
gente só perde.
Ô
7 a 1 infinito e desgraçado!
Eu
perdi um grandíssimo amigo. Muito presente na minha vida. Bem mais
que muitos vizinhos e parentes próximos. E essa é a loucura e a
magia da comunicação.
Ele
era um craque em abrir os meus olhos:
“Olha
eles estão dizendo isso, mas considere aquilo também.”
“Olha
eles estão dizendo isso, porque não podem dizer aquilo.”
“Olha
eles estão dizendo isso, porque não querem que você perceba
aquilo.”
“Olha
eles estão dizendo isso, porque não querem que você entenda
aquilo.”
“Olha
eles estão dizendo isso, porque não querem que você deduza
aquilo.”
“Olha
eles estão dizendo isso, mas
tinham que dizer exatamente o contrário.”
E
todo
dia me dava de graça um clipping afiadíssimo com a nata das
notícias políticas e econômicas do que tava pegando no Brasil e no
mundo.
pqp
isso vai fazer falta demais na minha vida.
O
que eu sou hoje. A visão que eu tenho do mundo em que eu vivo. Eu
devo muito a ele.
Até
porque ele abria espaço no portal para vários pensadores,
filósofos, sociólogos, intelectuais, economistas, cientistas,
professores… Gente que falava sobre problemas que eu nem imaginava
que existiam. E, igualmente, pensavam em soluções que eu jamais
imaginaria.
Ele
foi o patrono da blogosfera progressista. Com suas costas largas, sua
grana e suas várias décadas de jornalismo e de bastidores da
política, inspirou, abriu caminho e deu espaço no portal para
dezenas de jornalistas e blogueiros independentes.
E
foi assim que uma geração de brasileiros passou a ter um acesso
muito rico a uma visão de mundo alternativa à visão monolítica
empurrada pela globo e cia.
No
estilo, abusava de um humor muito ácido, que ele adjetivava como
afiado, mas muitos não gostavam ou não compreendiam.
Mas
era um direito dele.
Um
velho septuagenário que já trabalhou pra caralho e bastante rico,
tem o direito de fazer o que quiser.
E,
mesmo com tanta fama, idade e dinheiro, não abandonou o seu lado.
Jamais.
Uma
inspiração pra mim.
E
que
Deus me abençoe a conseguir chegar aos 77 anos em mundo tão ruim,
odioso e violento. Deus me abençoe morrer com 77 anos, de morte
morrida, no sossego da minha casa e da minha família, sem violência,
sem sofrimento e dores por doenças, com muita saúde física, muita
saúde mental, muita lucidez, muita produtividade e
fazendo o que eu gosto e que
me
diverte.
Há
2 semanas, por solicitação do Bolsonaro, patrocinador da Record, o
Edir Macedo tirou Paulo Henrique Amorim da TV, uma
vez que ele era um dos críticos mais importantes e retumbantes ao
governo.
À
época, eu comemorei: pô, bicho, o cara continuará recebendo o
salário e terá mais tempo e vontade para criticar o governo. Vai
produzir mais material para nós.
Mal
sabia eu que as coisas iam acabar assim.
E
foi impossível para milhares de pessoas não correlacionarem os
fatos dos parágrafos anteriores.
Mais
uma vítima do ódio que a globo e cia pregaram durante tantos anos,
em que as simples divergências políticas se tornaram uma coisa
odienta, violenta, desagregadora e destruidora de famílias,
casamentos e amizades.
2019
vai se consolidando como o ano das terríveis tragédias.
E
muita gente também correlacionou com as mortes de outros
jornalistas: Boechat/Rezende.
Infelizmente,
PHA não conseguiu esperar o tempo necessário para ouvir os 2 mil
áudios do Glenn Greenwald e saborear a vingança e as provas do que
tanto ele denunciou nos últimos 5 anos.
E
a ironia maior da história? Não
conseguiu se aposentar.
Trabalhou até morrer. Morreu trabalhando! Morreu no dia em que 3/4
dos deputados, por 5 bilhões de reais em propinas, aprovaram uma
Reforma da Previdência que acaba com a Previdência e faz com que
todos os brasileiros tenham que trabalhar até morrer.
Aqui
a homenagem do outro amigo Fernando Brito:
E
eu termino com o vídeo que o YouTube me sugeriu há dois dias,
embora gravado há 18 meses, numa coincidência muito estranha a que
muitos chamam de Deus: não nos calarão!
“Boa
noite. Boa sorte.”
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Ei, psiu, se liga…
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