quinta-feira, 11 de julho de 2019

Uma homenagem a Paulo Henrique Amorim







Com a devida licença dos leitores do blog, preciso desse espaço para publicar uma homenagem ao meu grande amigo que faleceu ontem.


Daí você acorda, como faz todos os dias, e abre o seu site favorito de notícias, como fez todos os dias nos últimos 10 anos, aí você descobre que o Google tirou o seu site favorito do ar.


Essa é a melhor descrição de como eu me senti hoje.


Desde então, meu dedo coçando pra abrir o site, na esperança de que ele estará lá, e com medo de que ele não esteja.


Essa é a melhor descrição de como eu me senti hoje.


Quando os amigos começaram a compartilhar a notícia comigo, eu tive a mesma reação que muitos tivemos:


Isso é fake? É real? Cadê a notícia? Por que você mandou só o print?


Essa é a melhor descrição de como eu me senti hoje.


Eu tinha recebido de uma fonte muito confiável, mas era bem melhor se fosse fake.


Daí você dá um Google e lá está a porra da notícia que você se recusa a ver.


Era verdade o bilhete.


E eu terminei o meu post da manhã com


pqp


A gente só perde.


Ô 7 a 1 infinito e desgraçado!


Eu perdi um grandíssimo amigo. Muito presente na minha vida. Bem mais que muitos vizinhos e parentes próximos. E essa é a loucura e a magia da comunicação.


Ele era um craque em abrir os meus olhos:


Olha eles estão dizendo isso, mas considere aquilo também.”


Olha eles estão dizendo isso, porque não podem dizer aquilo.”


Olha eles estão dizendo isso, porque não querem que você perceba aquilo.”


Olha eles estão dizendo isso, porque não querem que você entenda aquilo.”


Olha eles estão dizendo isso, porque não querem que você deduza aquilo.”


Olha eles estão dizendo isso, mas tinham que dizer exatamente o contrário.


E todo dia me dava de graça um clipping afiadíssimo com a nata das notícias políticas e econômicas do que tava pegando no Brasil e no mundo.


pqp isso vai fazer falta demais na minha vida.


O que eu sou hoje. A visão que eu tenho do mundo em que eu vivo. Eu devo muito a ele.


Até porque ele abria espaço no portal para vários pensadores, filósofos, sociólogos, intelectuais, economistas, cientistas, professores… Gente que falava sobre problemas que eu nem imaginava que existiam. E, igualmente, pensavam em soluções que eu jamais imaginaria.


Ele foi o patrono da blogosfera progressista. Com suas costas largas, sua grana e suas várias décadas de jornalismo e de bastidores da política, inspirou, abriu caminho e deu espaço no portal para dezenas de jornalistas e blogueiros independentes.


E foi assim que uma geração de brasileiros passou a ter um acesso muito rico a uma visão de mundo alternativa à visão monolítica empurrada pela globo e cia.


No estilo, abusava de um humor muito ácido, que ele adjetivava como afiado, mas muitos não gostavam ou não compreendiam.


Mas era um direito dele.


Um velho septuagenário que já trabalhou pra caralho e bastante rico, tem o direito de fazer o que quiser.


E, mesmo com tanta fama, idade e dinheiro, não abandonou o seu lado. Jamais. Uma inspiração pra mim.


E que Deus me abençoe a conseguir chegar aos 77 anos em mundo tão ruim, odioso e violento. Deus me abençoe morrer com 77 anos, de morte morrida, no sossego da minha casa e da minha família, sem violência, sem sofrimento e dores por doenças, com muita saúde física, muita saúde mental, muita lucidez, muita produtividade e fazendo o que eu gosto e que me diverte.


Há 2 semanas, por solicitação do Bolsonaro, patrocinador da Record, o Edir Macedo tirou Paulo Henrique Amorim da TV, uma vez que ele era um dos críticos mais importantes e retumbantes ao governo.


À época, eu comemorei: pô, bicho, o cara continuará recebendo o salário e terá mais tempo e vontade para criticar o governo. Vai produzir mais material para nós.


Mal sabia eu que as coisas iam acabar assim.


E foi impossível para milhares de pessoas não correlacionarem os fatos dos parágrafos anteriores.


Mais uma vítima do ódio que a globo e cia pregaram durante tantos anos, em que as simples divergências políticas se tornaram uma coisa odienta, violenta, desagregadora e destruidora de famílias, casamentos e amizades.


2019 vai se consolidando como o ano das terríveis tragédias.


E muita gente também correlacionou com as mortes de outros jornalistas: Boechat/Rezende.


Mas a Record e o Edir Macedo podem ficar tranquilos que não terão mais custos com o salário do Paulo Henrique Amorim. É só deitar a cabeça no travesseiro e dormir tranquilo. Vai sobrar uma parte maior do patrocínio do governo para investir na igreja.


Infelizmente, PHA não conseguiu esperar o tempo necessário para ouvir os 2 mil áudios do Glenn Greenwald e saborear a vingança e as provas do que tanto ele denunciou nos últimos 5 anos.


E a ironia maior da história? Não conseguiu se aposentar. Trabalhou até morrer. Morreu trabalhando! Morreu no dia em que 3/4 dos deputados, por 5 bilhões de reais em propinas, aprovaram uma Reforma da Previdência que acaba com a Previdência e faz com que todos os brasileiros tenham que trabalhar até morrer.


Aqui a homenagem do outro amigo Fernando Brito:




E eu termino com o vídeo que o YouTube me sugeriu há dois dias, embora gravado há 18 meses, numa coincidência muito estranha a que muitos chamam de Deus: não nos calarão!






Boa noite. Boa sorte.”


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Ei, psiu, se liga…
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