domingo, 28 de abril de 2019

Minhas Experiências com Blitz






Dois temas que subiram nos trending topics do tuíter do Brasil da vida real de 2019 me inspiraram a escrever esse post.


A violência policial de um país que tem a polícia que mais mata no mundo e os números só pioram ano após ano.


Os abusos de autoridades tão incentivados pelas prisões sem provas e pelo novo lema de governo: “bandido bom, é bandido morto”.


Inclusive o Ministro da Justiça quer aprovar uma lei que absolverá os policiais que matarem sob “forte emoção”, seja lá o que for isso.


No Ceará, a polícia foi pra cima de um grupo de arrombadores de banco e acabou matando junto uma família de reféns. Eles ali no desespero, e quando viram a polícia, achando que seriam enfim salvos…


Em São Paulo, a polícia foi pra cima de um grupo de arrombadores de banco e o governador falou que eles mereciam medalhas!


No Rio, uma dúzia de bandidos foi detonada numa viela pela polícia. O governador falou que as snipers estavam liberadas e que era pra mirar só na cabecinha. E assim tem sido.


E foi lá no mesmo no Rio da intervenção militar que o exército fuzilou uma família com oitenta tiros. OITENTA! OI-TEN-TA! Até o catador de lixo que passava por lá e tentou ajudar morreu junto.


E a pobre viúva que sobreviveu não sei como só se preocupava em não deixar os policiais “plantarem provas” no carro do defunto.


E a família presidencial nos ensinou de forma cristalina o que são as milícias, como agem, como vivem…


As mesmas milícias que mataram a Marielle e nósficamos sabendo porque a Polícia Federal descobriu que a polícia local estava boicotando as investigações por haver policiais envolvidos.


Inclusive eu tenho alguns amigos que têm mais medo da polícia do que dos bandidos.


Mas o post é sobre blitz de trânsito e o próprio presidente mandou suspender todos os radares eletrônicos que fiscalizavam os excessos de velocidade nas BRs. Ele disse que aquilo é só uma indústria de multas.


Também é cultura popular usar aplicativos para descobrir onde estão e evitar as blitz de trânsito, notadamente as da Lei Seca.


Porque é assim, bicho: brasileiro só acha feia a corrupção dos outros!


Eu lembro de ter escrito isso antes:


Cruzamos três estados inteiros (CE, PB, RN) e não paramos em nenhuma blitz! Pode isso, Arnaldo?”




Mas eu também já fui parado dezenas e dezenas de vezes e escolhi os 4 casos mais emblemáticos para ilustrar o post…




















# ATO 1


Primeiro ano do meu primeiro carro e eu dei um azar danado quando os Correios não conseguiram me entregar o CRLV.


Noite adentro, sertão adentro, e lá vínhamos nós voltando para a capital. O policial pediu os documentos e eu apresentei o CRLV vencido e o comprovante de pagamento.


Depois de alguns minutos de silêncio, ele me explicou que andar com o comprovante já era inútil.


A minha vó tava no carro e ele teve o bom senso de só aplicar a multa, sem apreender o veículo.


(Embora, eu, um cara de TI, fiquei decepcionado com a falta de tecnologia para a polícia consultar isso em um simples sistema. E essa lei foi alterada em 2016 exatamente nesses moldes.)








# ATO 2


Sábado, meio-dia, tô voltando do futebol com os amigos…


Quando eu desço a alça do viaduto, eu vejo um policial, sozinho, de tocaia, escondido, abordando os “trouxas” que vinham pelo viaduto.


Foram cinco longos minutos de investigação intensa sobre todos os aspectos do veículo, da documentação e do motorista até que ele finalmente deu o xeque-mate, chega os olhos brilharam, como quem diz “eureka”. Ele viu um A na minha carteira e mandou:


Cadê os seus óculos?


Eu estava usando óculos de sol, com a cabeça quente do futebol, e superchateado com aquela situação toda, nem pensei duas vezes:


Esses óculos têm grau.


Como ele não tinha como contra-argumentar, me disse com muita contrariedade:


Pois vá se embora!






# ATO 3


É noite, eu tô saindo do trabalho e já deparo com uma blitz do DETRAN.


Tive a “sorte” de não ser parado e pensei: legal, chegarei uns minutinhos antes em casa.


Um mês depois, o carinha dos Correios veio me visitar.


Você foi multado por dirigir com a luz da placa traseira apagada.”


Bicho, não havia palavrões suficientes na língua portuguesa para eu xingar o funcionário do Detran que fez isso!


Raciocine comigo o tamanho da filhaputice… Não satisfeito em fiscalizar e multar os carros que eram parados, o cara ficava “de costas” pra blitz, de tocaia, pegando os trouxas que obviamente não sabiam que estavam com a porcaria da luz da placa traseira queimada. Bateu a meta de multas facim, facim.






E lá fui eu na sucata e o cara me vendeu uma luz de LED de Corolla e isso foi o mais perto que eu cheguei de ter um Corolla.







# ATO 4


É noite, eu tô saindo do trabalho e é dia de desviar o caminho para poder contribuir com Nossa Senhora da Shell. Depois da oração, deparo com uma megaultrasuperhiperblitz do DETRAN.


Como sempre fiz, entreguei ao fiscal a carteira de couro onde guardo os documentos meu e do carro.


Ele prontamente me devolveu:


Senhor, eu sou orientado a receber somente os documentos.


É verdade isso que você leu.


Eu passei uns 3 minutos tentando tirar o documento de dentro da carteira, mas, enfim, consegui.


Foi aquela vistoria de 5 minutos ultradetalhada, mas eu tava de boa, afinal, tinha acabado de fazer a revisão para viajar no carnaval.


Ele ficou um tempão arranhando o farol do meu carro com as unhas e isso me deixou muito encucado.


Que merda esse bicho tá fazendo?


Enfim, ele deu o veredito final:


Olha só, eu não vou lhe multar, mas eu vou lhe orientar. Alguns fiscais mais cri-cris podem querer multá-lo por conta desse adesivo no vidro traseiro. Eu o aconselho a removê-lo.


(Eu tenho um adesivo com a propaganda do meu site em parte do vidro traseiro.)





A gente tá com a campanha do bafômetro. Você pode participar?


E lá vamos nós!


A moça ficou um tempão calibrando o bichinho, viu que eu não estava confortável e resolveu tirar onda:


Você bebeu?


Hoje não! Se der alguma coisa aí é o seu aparelho que está quebrado!



#PARTIU


Eu sou muito a favor das blitz de trânsito, conforme já havia escrito em um post de 2016 que eu citei lá no início.


Gosto da minha cerveja. Mas, quando dirijo, não bebo. Inclusive, tenho evitado beber em vários programas para não perder a possibilidade de voltar dirigindo.


Sou um cidadão exemplar. Possuo um carro dentro das minhas condições financeiras o que significa que eu consigo pagar por toda a manutenção adequada bem como por todos os impostos obrigatórios. Além claro, da segurança reforçada das minhas duas crianças.


Por princípio, eu não olho se tem blitz em aplicativo.


Mas hoje, aos 33 anos, se eu puder evitar uma blitz de trânsito, assim o farei.


Um grande abraço.


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Ei, psiu, se liga…
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